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Ser Poeta










Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

                                   Florbela Espanca




1 comentário:

Figlo disse...

Achei graça chamares a esta rubrica poemas de outros anawim...como Florbela Espanca todos os que se não ajeitam à pequenez serão sempre anawim...desenquadrados, encurvados pelo peso de leis que os não deixam cumprir-se por inteiro...desacertados de todos os relógios que nos fazem a todos correr ao ritmo de um tic-tac onde o Sonho, a Beleza e a Arte não entram ou soam a "língua estranha"...Toda a obra dela é de uma beleza dolorida,doentia, exagerada...mas Deus parece que gosta de exageros e de exagerados...